Frustraram-se as previsões catastrofistas sobre os
Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Fica escancarado, mais uma vez, o caráter
mentiroso, provinciano e irresponsável das bravatas apocalípticas. As desculpas
dos seus propagadores (“não foi bem isso que eu quis dizer”) apenas reforçam,
pelo gesto de explicar, a ridícula admissão do erro.
Parece incoerente criticar a politização boçal do evento e depois politizar o seu sucesso. A questão é que toda a cobertura
midiática dos Jogos foi politizada, tanto nos ataques anteriores quanto na
aparência neutra do patriotismo que dominou as transmissões.
Nada é mais escandalosamente partidário que omitir
o papel dos governos Lula e Dilma na realização dos Jogos e, acima de tudo, na
conquista de medalhas e marcas inéditas. Comemorar a superação de atletas humildes
e esconder os programas petistas que os apoiaram rebaixa o cinismo jornalístico
a uma desonestidade própria de estelionatários.
O conservadorismo tosco aplaude as continências
dos atletas, de simbologia inegável, principalmente quando facultativas. Mas é
típico desse imaginário canhestro fazer da origem militar um símbolo de independência
administrativa, como se as Forças Armadas gerassem as próprias verbas e estruturas.
As continências existiram porque as instituições
militares receberam aportes generosos dos governos Lula e Dilma para que seus
talentos individuais se desenvolvessem. Não foram a Rede Globo, a Fiesp, o
PSDB, Michel Temer. Foram os programas Segundo Tempo, Bolsa Atleta, Atletas de
Alto Rendimento, Atleta na Escola, etc. Do PT. Dinheiro público, aliás, e bem aplicado.
Acostumado a usurpações fáceis, o golpismo acredita
que pode estender seu assalto para além da esfera política. Mas existem coisas
que não se deixam subtrair tão facilmente.
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