segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Dívida histórica
















É importante manter e divulgar registros detalhados sobre o apoio de políticos, jornalistas, magistrados, empresários e até militantes de redes sociais ao golpe parlamentar contra Dilma Rousseff. Contribuir para essa memória equivale a manter a chama da resistência nos tempos sombrios que se anunciam.

Haverá muitas oportunidades para que a conta seja cobrada. Durante a escalada arbitrária dos justiceiros ideológicos, a consumação da impunidade dos corruptos não-petistas, a dilapidação do patrimônio público, o desmonte de programas sociais.

Sabemos que os mais cínicos tentarão forjar espanto e salvar suas reputações. Pois serão desmascarados. Ninguém pode fingir inocência diante da natureza e das consequências do impeachment, que estiveram muito claras desde o início.

Um lugar de honra na galeria de horrores será ocupado pelo Supremo Tribunal Federal. A corte desperdiçou todas as chances de barrar o avanço do golpe, evitando o circo midiático da Lava Jato e punindo os corruptos que elaboraram o impeachment.

Mais do que as outras instituições antidemocráticas do país, o STF desempenhou papel decisivo na farsa. Repetindo a vergonhosa atuação no golpe militar de 1964, deu verniz de legitimidade a um escândalo jurídico de porte mundial.

Talvez a próxima Comissão Nacional da Verdade não seja tão condescendente com os nobres ministros quanto foi no balanço que fez sobre a ditadura e suas anistias. Mas o acerto viria tarde, soterrado por manipulações oficiosas da mídia e amenizado pela ausência póstuma dos algozes.

A força dessa memória reside em seu resgate imediato, constrangedor, provocativo. Como admite o próprio golpista Michel Temer, o governo ilegítimo está preocupado com a narrativa em torno do impeachment. Já conhecemos o seu ponto fraco.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo, inclusive tem que ser mais registrado ainda a história do golpe de 1992, quando o PT encabeçou os golpistas que tiraram Collor do poder, sendo esta afastado pelo Senado Federal em 48 horas, sem qualquer direito de defesa respeitado, uma ofensa clara à s clausulas pétreas da Carta Magna de 1988.

Que todos os golpes fiquem registrados na história, afinal, sem seletividades por parte dos julgadores e historiadores.

Anônimo disse...

O amigo só esqueceu de lembrar que não havia DIVISÃO NACIONAL, à época. Portanto, NÃO SEJA SELETIVO. A Presidente não perdeu apoio de seus eleitores. Apenas os MAUS PERDEDORES ALIARAM-SE ao que há de pior na sociedade, para derrubá-la.