Uma verdadeira histeria ecológica sacode as redações da grande imprensa. O recente aumento na taxa de destruição da floresta amazônica anuncia o apocalipse: “céus, o paraíso vai virar deserto! Governo assassino!"
Curioso. Enquanto as taxas de desmatamento caíam, chegando a mínimos históricos, ninguém dava muita atenção. Uns ponderavam que as estatísticas não eram precisas; outros resmungavam que as quedas pareciam insignificantes e, como sempre, havia aqueles que creditavam os ganhos a FHC. Eis que agora as estatísticas ganharam súbita e inédita importância.
Chega-se ao acinte de propor, com disfarces retóricos, uma espécie de “internacionalização” da Amazônia. Sim, a questão esbarra na idéia de soberania, que é inquestionável. Antes, porém, de enveredar por essas vias, deve-se ter em mente que ninguém, no mundo dito “civilizado”, está interessado em “salvar” a Amazônia. Submeter a região ao escrutínio de bondosas entidades ambientalistas equivaleria a conceder-lhes a exploração de imensos potenciais, que vão de medicamentos a recursos energéticos. O que faríamos caso as populações locais fossem espoliadas para garantir patentes a laboratórios europeus? Invadiríamos a Holanda? Ou alguém imagina que os organismos internacionais contrariariam os interesses bilionários dessa indústria?
A propósito, o que têm a dizer os deputados e senadores da região amazônica, como Arthur Virgílio (PSDB-AM)? Quando votaram pelo fim da CPMF não imaginavam contribuir para corte nos investimentos destinados à preservação da floresta? E qual é o verdadeiro relacionamento desses parlamentares com as indústrias desmatadoras?
Há muito lixo político escondido sob essa hipócrita neurose ecológica.
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