sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Gabeira 2008

Corre no mundo blogueiro uma campanha para convencer o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) a candidatar-se à prefeitura carioca. As pesquisas apontam um segundo turno envolvendo Wagner Montes (sim, o ex-jurado do Sílvio Santos) e o bispo Marcelo Crivella, ambos muito distantes dos outros pré-candidatos. Como diriam por lá, “a parada é siníshtra”.
Se votasse no Rio de Janeiro, seria cabo eleitoral perene de Gabeira. Suas diretrizes são impecáveis, sob qualquer aspecto. Ele é o cara.
Mas ando abespinhado com sua atuação no Congresso. É incômodo vê-lo participar desse oposicionismo hipócrita e desestabilizador que atravanca o Legislativo, combinando estratégias com parlamentares do PFL-DEM e do PSDB, metendo-se em espetáculos de pugilato, reproduzindo o arthurvirgilismo tresloucado, de dedo em riste, quase indecoroso.
Gabeira identifica-se cada vez mais com o discurso vazio da moralidade absoluta, com a histeria venenosa daqueles que cometeram (e cometem) descalabros indizíveis e posam de mártires da probidade sem passado. Ele não pertence àquele grupo de predadores, que o desprezam e ridicularizam, mas contribui indiretamente para o fortalecimento do seu projeto político-eleitoral desastroso.
Se hoje atua com desenvoltura nesse ambiente insalubre, por que não permaneceu no apoio crítico ao governo Lula, tentando expurgá-lo dos maus elementos, transformando a máquina pública quando podia limpar-lhe as engrenagens? É preferível endossar ACM Neto a engolir os chás de cadeira impostos pela arrogância de José Dirceu? Qual foi a última vez que Gabeira defendeu investigar os R$ 100 milhões gastos no ano passado, pelo governo Serra, em cartões de débito? Ou as concessões nas estradas paulistas?
Voltando à eleição do Rio, é compreensível que ele resista a candidatar-se. Não tem chances reais de vitória e sabe que, para alcançá-las, teria de jogar o jogo, envolvendo-se perigosamente na incontrolável vastidão de interesses e concessões que domina empreendimentos desse porte.
Torço para estar errado, mas creio que Gabeira decidirá preservar-se, talvez por fidelidade a princípios pessoais e a seu eleitorado. Mas esta não deixa de ser a escolha mais cômoda e, no limite, a mais distanciada das verdadeiras disputas em curso.

2 comentários:

Unknown disse...

Diante de um Legislativo que não legisla, de uma reforma política que jaz e caduca, um executivo diretamente ligado a diretrizes ao chamado (MNB)liberalismo econômico internacional de duas duzias cabeças da Nasdak, e da corrupção endêmica representada num País que exporta futebol, distinguir o que é oposição e o que é governo em Brasília, virou caso de uma investigação bizzara, ou, satírica...

fks

fks

Anônimo disse...

Gosto dod Gabeira. Igualmente, nao entendo como ele pode estar em Brasilia... essa foi uma grande surpresa pra mim quando soube!