No início do mês, fiscais do Ministério do Trabalho encontraram 1500 trabalhadores em condições precárias ou degradantes nas instalações da Brenco, uma empresa produtora de álcool combustível. O nome vem de Brazil Renewable Energy Co, traduzido aqui para Companhia Brasileira de Energia Renovável. Ela possui terras em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e está prestes a realizar sua primeira colheita.
São investidores da empresa o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton (através da Yucaipa Global Holdings, que gerencia os interesses do bilionário Ron Burkle, antigo financiador das campanhas do casal Clinton), Steve Case (um dos fundadores da AOL), o indiano Vinod Khosla (fundador da Sun Microsystems), James Wolfensohn (ex-presidente do Banco Mundial) e David Zylbersztajn (ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo).
Alguns dos principais cargos administrativos da Brenco são ocupados por altos executivos da área energética do governo FHC. Além de Zylbersztajn, o ex-presidente da Petrobrás, Henri Phillipe Reichstul, é diretor-presidente executivo da empresa; e Hildo Henz, diretor de empreendimentos, dirigiu a refinaria estatal Alberto Pasqualini (Refap), de Canoas (RS).
A Yucaipa recebeu atenção da imprensa estadunidense na campanha presidencial deste ano. Matéria do New York Times demonstrou que a senadora Hillary Clinton ajudou a aprovar legislação que provê investimentos federais bilionários para a cultura do etanol, favorecendo diretamente os negócios de seu marido e de alguns financiadores das campanhas democratas. Outra fonte de incômodo para a Yucaipa e seus parceiros foi sua associação a interesses não comprometidos com a liberdade e a transparência, como o governo dos Emirados Árabes Unidos e um conglomerado chinês de comunicação.
A grande imprensa brasileira aborda esses assuntos com cautela excessiva, como se fosse pecado investigar certas figuras influentes, que podem voltar aos primeiros escalões estatais a qualquer momento. As atividades da Brenco em território nacional prosseguem, sob a complacência da opinião pública, enquanto grupos transnacionais dominam silenciosamente uma área estratégica para o país.
Debaixo da aura benemérita e progressista da indústria das fontes renováveis de energia escondem-se práticas ilegais e violações a direitos dos trabalhadores, em defesa de interesses
inconfessáveis e muito, muito poderosos.
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