Não é de hoje que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, atrai a ira dos adversários políticos. As intrigas pessoais vêm de suas muitas funções administrativas anteriores, que remontam aos anos 80.
A disputa com César Maia, por exemplo, começou durante uma passagem rápida e conturbada de Temporão pela subsecretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro, na gestão Sérgio Arouca, quando Maia era prefeito. Muito está para ser esclarecido sobre aqueles dois meses de desentendimento, quando a capital estava às voltas com uma ameaça de epidemia de dengue. Depois, em 2005, enquanto assessor do Ministério, Temporão coordenou a intervenção federal nos hospitais cariocas, novamente chocando-se com o reeleito César Maia.
Na grande imprensa, os ataques contra Temporão têm outra origem. A Saúde foi a pasta ocupada por José Serra (PSDB), que parecia ter realizado uma gestão imaculada e exemplar até o dossiê das Sanguessugas vir à tona (e desaparecer logo em seguida). É a vitrine federal de Serra, que pouco ou nada poderá apresentar de seu governo paulista.
Além de ocupar um posto estratégico para a propaganda demo-tucana de 2010, Temporão é um sanitarista de renome nacional, competência administrativa comprovada e grandes avanços nas instituições que administrou. Tudo leva a crer que sua passagem pelo Ministério da Saúde será bem-sucedida. Torna-se necessário, portanto, arruinar sua reputação.
Eliane Cantanhêde (“Gente!”), colunista da Folha de São Paulo, é caso exemplar da tropa de choque anti-Temporão. Seu alarmismo destrutivo sobre a suposta epidemia de febre amarela já virou um clássico do jornalismo contemporâneo. “Vacine-se!”, bradou ela, genericamente, ignorando que nas regiões urbanas (onde vive seu público) a vacinação é desnecessária e, em alguns casos, perigosa. “Não deixe para amanhã, depois, semana que vem... Vacine-se logo!” Pois não veio a epidemia, pessoas morreram por efeitos colaterais da vacinação, faltou vacina para quem precisava e a comentarista silenciou.
Adivinha. Ela voltou à carga ontem, meses depois, para falar sobre o papel “fundamental” da imprensa na campanha contra a febre amarela e para distribuir responsabilidades pela proliferação da dengue no Rio. Parece que o governo federal (e Temporão, consequentemente) poderia ter evitado uma doença causada por mosquitos que vivem em entulhos, quintais e áreas urbanas abandonadas. Ah, bom.
2 comentários:
Guilherme,
sua esplanação é bastante contundente. Abordou de maneira transparente e instagadora a verdadeira imagem dos "agentes" divulgadores da informação: Falta de compromisso para com a verdade em prol de uma posição mesquinha e inconsequente.
Abraco
Ministro fraco e a politicagem desagregando forças que deveriam se unir para proteger a população..E o prefeito Cesar Maia? Depois de muito tempo, apareceu. Totalmente perdido, misturando os assuntos, olhar perdido, voz frouxa. Precisa de cuidados médicos, isolamento e impedimento de qualquer atividade, principalmente na prefeitura do Rio. O povo não merece! Epidemia? Que Epidemia? Dengue? Que é isso? Quem sou eu? Onde estou? É tudo tão estranho...Cada povo tem o Governo que merece...Triste Rio de Janeiro.
Parabéns pelo blog,
Um bom abraço.
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