Ninguém admite que a mística da seleção brasileira de futebol acabou há muito, sobrevivendo apenas em países cujas especialidades são arremesso de troncos, polimento de gelo e tênis com peteca. E, claro, nos arroubos ufanistas de Galvão Bueno e Luiz Carlos Júnior. A seleção virou um símbolo vazio. Resume-se a uma estratégia de propaganda, vitrine para jogadores contratados por empresários influentes junto à CBF. O público não se ilude mais, e por isso vaia, torce contra.
Quem acompanha futebol sabe que os jogadores convocados não são os melhores possíveis. O fato de não serem ruins, ou de serem “apenas” bons (quando são) ameniza um pouco o disparate. Duas máximas propaladas pela crônica esportiva ajudam a vendê-lo: “Fulano está jogando pacas na Europa” e “O Brasil possui duzentos milhões de treinadores”. No primeiro caso, jogar “pacas” em qualquer lugar passa a servir como critério para uma convocação – e, afinal, quem assistiu ao último jogo do Arsenal? Quanto à segunda distorção, se todos têm suas próprias opiniões sobre o time, ninguém está certo e, portanto, qualquer técnico poderá fazer o que bem entender.
Mas os técnicos da seleção não fazem o que bem entendem.
Dunga, esse coitado truculento, foi o inocente útil que aceitou participar do logro. Outros virão, porque o cargo é irrecusável, independente das condições impostas. Quem não toparia? Há um ótimo salário, muito ócio, visibilidade fácil e ilusão de comando. De qualquer forma, podemos juntar onze conterrâneos mais-ou-menos que, a despeito das dificuldades eventuais, a vitória está garantida. Certo, Ronaldinho?
Ser treinador da seleção inclui contrapartidas espinhosas. Não basta aceitar jogadores de empresários endinheirados. É preciso personificar a grife, defendê-la em seus fracassos, peitar a imprensa, servir de escudo para as críticas à CBF. A culpa é de Dunga, não de Ricardo Teixeira. Demite-se o técnico e tudo começa novamente.
Não podemos sequer esperar que o fracasso da seleção leve a mudanças na cúpula do futebol nacional. Mesmo com todas as denúncias e críticas, as Federações (os clubes) continuam elegendo Ricardo Teixeira, assim como Gerasime Bozikis, o Grego, permanecerá no comando da Confederação Brasileira de Basquete mesmo depois de protagonizar a mais desastrosa gestão que a modalidade já conheceu.
Com a omissão dos governos e Ministérios Públicos e a cumplicidade da TV Globo, assim permanecerá por muito tempo.
Um comentário:
A estrutura montada pela CBF é benéfica aos drigentes que embolsam milhões com as negociações de jogadores. Se existisse uma estrutura viável ao desenvolvimento dos clube acabaria a mamata de dirigentes/empresários... mas a quem interessaria tal disparate?
E ainda somos obrigados a assitir bizarras matérias sobre a orfandade da "seleção" brasileira de futebol masculino com a retirada do símbolo da CBF do seu uniforme... Ironia fina para a equipe cada vez mais apátrida...
http://resistenciacarioca.blogspot.com/2008/08/olimpadas-pequim-2008-ii-equipe-aptrida.html
Postar um comentário