O francês Jean-Claude Carrière é dos mais importantes roteiristas em atividade. Trabalhou com ícones como Jacques Tati, Luís Buñuel, Milos Forman, Peter Brook. É também escritor de prosa ficcional, além de dramaturgo, o que garante fluidez e elegância a esse pequeno livro de reflexões.
Dividido em digressões temáticas, à guisa de palestras ou aulas, aborda o cinema através de assuntos amplos (linguagem, realidade, tempo), sem prender-se à precisão técnica. Neste aspecto, seria complemento ideal para guias objetivos como “A linguagem cinematográfica”, de Marcel Martin, de leitura igualmente obrigatória.
Suas análises estão carregadas de uma visão apaixonada do trabalhador cinematográfico enquanto artesão e do cinema como arte-síntese. Apesar de certo purismo conservador, algo inadaptado à tecnologia e ao entretenimento de massas, trata-se de uma viagem surpreendente e muito elucidativa pelas reminiscências do mestre.
A reedição comemorativa da Nova Fronteira é simplíssima. Ilustrações e tratamento adequado (prefácio informativo, apêndice com filmografia citada, nota biográfica do autor) tornariam a obra antológica.
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