Em 1954, a Harper’s publicou um artigo da escritora Sylvia Wright relatando sua confusão com uma estrofe da antiga canção “The Bonnie Earl O’Murray”. No lugar de “And laid him on the green”, ela entendia “And Lady Mondegreen”.
Desde então, o termo Mondegreen serve para classificar palavras e trechos de canções erroneamente compreendidos com sentidos estapafúrdios ou cômicos. Há exemplos aos milhares, muitos forçados, outros perfeitamente plausíveis, resultando em hilariantes distorções do significado original.
“She was a gay stripper” e “She was a day tripper” (Beatles). “You ate nothing but a hound dog”, e “You ain’t nothing but a hound dog” (Elvis Presley). “Rosemary and Tom” e “rosemary and thyme”, alecrim e tomilho (Simon & Garfunkel). “The ants are my friends” e “The answer my friends” (Bob Dylan). “Scuse me while I kiss this guy” e “Scuse me while I kiss the sky” (Jimi Hendrix). Etcetera.
A página “Kiss this guy” possui um arquivo completíssimo desses equívocos, em inglês. Mas escarafunchando na rede também é possível encontrar os nossos Virunduns, versão brasileira para o fenômeno (originada, claro, no primeiro verso do Hino Nacional). Existem ocorrências hilariantes, como o “prato de papel” levado pela Rita de Chico Buarque, e inevitáveis transcriações com trechos de Djavan e Zé Ramalho, duas das maiores fontes de Virunduns.
O mais importante é saber separar a piada e o trocadilho sapeca do erro involuntário. Este é muito mais engraçado e valioso, assim como o verdadeiro filme trash é aquele que tenta ser bem-sucedido, mas fracassa lamentavelmente – e não o que já se produz imitando o visual trash.
De minha parte, acho bom estabelecer uma ressalva: Cláudio Zolli fala “trocando de biquíni sem parar” e ponto final.
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