Outra boa invenção dos governos tucanos em São Paulo (citei recentemente o Rodoanel, que virou piada) é o Poupatempo, serviço de entrega rápida de documentos. O tal “governo eletrônico” não deixa de fazer parte das obrigações óbvias de qualquer administrador minimamente atualizado (o povo teme dizer essas coisas, sob pena de parecer ingrato), mas tem sido festejado como se fosse coisa do outro mundo, o símbolo da competência tucana pós-moderna.
O puxa-saquismo caipira da grande imprensa costuma ocultar alguns problemas surgidos com a saturação do serviço. Panes nas redes de computadores e das conexões virtuais já viraram rotineiras (não, ninguém divulga essas estatísticas). Algumas agências centrais vivem lotadas e caóticas como hospitais de guerra. Há esperas que ultrapassam os limites razoáveis e põem em dúvida a promessa explícita no nome da repartição. E a grosseria dos funcionários dispensa maiores explanações.
Mesmo assim, ninguém negará que o Poupatempo representa um avanço na obsolescência estatal brasileira.
O governo Lula acaba de lançar um pacote modernizador para a Previdência. O sistema de consultas eletrônicas que permite ao cidadão receber a aposentadoria por tempo de serviço em 30 minutos revoluciona um processo historicamente marcado pelo desrespeito a contribuintes idosos ou doentes. As eventuais falhas de implantação da novidade parecem irrelevantes para quem recorda as estapafúrdias demoras em conceder o benefício, que chegavam a vários anos de angustiada vigília.
Sob silêncio compungido das redações, Lula segue inventando os próprios marcos de “excelência administrativa”, rótulo tão cultivado pela oposição. No futuro, esse tipo de melhoria parecerá indissociável da cidadania rotineira, enquanto os veículos informativos saberão vender-se como seus defensores de primeira hora.
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