A Universidade de São Paulo elege novo reitor em ambiente de conclave. O sistema é indireto, por colegiado, com participação majoritária de professores e minoritária de alunos e funcionários (que, somados, não chegam a um terço dos votos).
Os debates entre candidatos são rasteiros, protocolares. Até parece que, meses atrás, a cavalaria não atacou civis que protestavam contra a princesa do campus. Espertamente, os pretendentes apenas pincelam as questões mais delicadas e urgentes, repetindo o ramerrão do burocrata-que-sabe-o-seu-lugar.
O sistema eleitoral das universidades públicas é uma excrescência legada pelo regime militar. Como alguém ainda pode apoiar o delírio excludente segundo o qual um professor “vale” mais que dezenas de outras pessoas que vivem no mesmo ambiente? Os estudantes são obrigados a eleger deputados estaduais mas não podem escolher o administrador da universidade onde passam importantes anos de sua formação pessoal.
A arbitrariedade não é gratuita. Toda uma rede de favorecimentos pessoais e uso irregular de verbas públicas depende desse sistema decisório verticalizado. Ninguém vai arriscar uma brilhante carreira (e bolsas, e bonificações, e diplomas grátis!) para defender os interesses de moleques cabeludos.
O corpo docente adora posar de donatário ilustrado das coisas públicas, o guardião do castelo do saber. Os departamentos e gabinetes odeiam prestar contas e os governos estaduais preferem fingir que a tal autonomia universitária é compatível com esse viciado ambiente de interferências políticas. E o movimento estudantil, empenhado em festas e ocupações inócuas, não pode reclamar muito, já que, afinal, a própria UNE elege sua diretoria por método semelhante.
A didática brutalidade dos protestos recentes mostrou estar próximo o dia em que esse gigantesco vácuo de legitimidade tomará proporções realmente transformadoras. E ninguém poderá fingir surpresa.
Os debates entre candidatos são rasteiros, protocolares. Até parece que, meses atrás, a cavalaria não atacou civis que protestavam contra a princesa do campus. Espertamente, os pretendentes apenas pincelam as questões mais delicadas e urgentes, repetindo o ramerrão do burocrata-que-sabe-o-seu-lugar.
O sistema eleitoral das universidades públicas é uma excrescência legada pelo regime militar. Como alguém ainda pode apoiar o delírio excludente segundo o qual um professor “vale” mais que dezenas de outras pessoas que vivem no mesmo ambiente? Os estudantes são obrigados a eleger deputados estaduais mas não podem escolher o administrador da universidade onde passam importantes anos de sua formação pessoal.
A arbitrariedade não é gratuita. Toda uma rede de favorecimentos pessoais e uso irregular de verbas públicas depende desse sistema decisório verticalizado. Ninguém vai arriscar uma brilhante carreira (e bolsas, e bonificações, e diplomas grátis!) para defender os interesses de moleques cabeludos.
O corpo docente adora posar de donatário ilustrado das coisas públicas, o guardião do castelo do saber. Os departamentos e gabinetes odeiam prestar contas e os governos estaduais preferem fingir que a tal autonomia universitária é compatível com esse viciado ambiente de interferências políticas. E o movimento estudantil, empenhado em festas e ocupações inócuas, não pode reclamar muito, já que, afinal, a própria UNE elege sua diretoria por método semelhante.
A didática brutalidade dos protestos recentes mostrou estar próximo o dia em que esse gigantesco vácuo de legitimidade tomará proporções realmente transformadoras. E ninguém poderá fingir surpresa.
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