quinta-feira, 8 de outubro de 2009

“Gamer”

É fácil superestimar filmes de ação ou ficção científica que tentam aliar o puro entretenimento com vapores intelectuais. A análise imediata, sem apoio do anos, às vezes confunde camadas de significados com o subtexto do marketing, o resultado efetivo com as pretensões dos distribuidores.
Para melhor sorver “Gamer” é útil ignorar o monofásico Gerard Butler, os clichês múltiplos e certo panfletarismo antimidiático dos diálogos. E assim descobrimos que o filme é uma boa (e despretensiosa) alegoria futurista sobre os usos totalitários da tecnologia e a desumanização da experiência virtual.
A contundência do jogo de relacionamentos tipo “Second life” é algo que não se encontra em qualquer bobagem hollywoodiana. E há uma importante cena-síntese, original e simbólica: o vilão (Michael C. Hall, da série “Dexter”, em atuação inspirada), cantando “I’ve got you under my skin”, rodeado por trogloditas sapateadores.
No mais, resta a porradaria e os efeitos visuais. Nada contra, diga-se.

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