segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Apagão de notícias



Todo ano, em determinados períodos, a imprensa oposicionista constrói seu espetáculo de calamidades. Os preferidos em época de férias são os já famosos “apagões” infra-estruturais: aeroportos caóticos, inundações, panes elétricas. É ocioso mas prudente esclarecer que o problema desse noticiário não reside na denúncia ou no constrangimento das autoridades. Reside na distorção.

O jornalismo escandólatra costuma utilizar dois tipos de logro: o que prega a exclusividade brasileira para contratempos de determinada natureza e o que privilegia apenas as ocorrências de responsabilidade federal.

Para endossar o primeiro logro, usa-se freqüentemente a cômoda justificativa da relevância. Segundo os espertalhões, o público local não está interessado em saber se Barajas, o principal aeroporto espanhol, a Guantánamo dos turistas latino-americanos, acaba de entrar em colapso por causa de uma greve dos controladores de vôo (soa familiar?). Tampouco se no período de férias (em alguns locais durante meses) os maiores aeroportos do planeta viram gigantescos albergues de vítimas da ganância e da impunidade das empresas aéreas. Sim, também lá.

O segundo logro nasce de artimanhas menos polidas. Quando foi a última vez que alguém leu sobre a saturação do Poupatempo, em especial dos serviços ligados ao setor de Transportes? Quase diariamente, as mais movimentadas rodovias paulistas atravessam horas entupidas por congestionamentos absurdos. Não precisa chover, tampouco haver acidentes. O retrato das “melhores estradas” é o caos. O caos mais oneroso do país. Não apenas os boletins mentem ou dissimulam (“devido ao fluxo de veículos”), como seus comentaristas jamais se atrevem a questionar se, afinal, as concessionárias não teriam obrigação contratual de ampliar a vias e agilizar o atendimento dos pedágios. Aliás, é curioso que os investigadores de dossiês tenham descoberto o erro no valor cobrado em São Paulo apenas depois da eleição.

Sim, claro, existe o tal “serviço de utilidade pública”. Apenas para certo público. E de acordo com utilidades convenientes.

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