segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Quércia e seus aliados


A morte de Orestes Quércia revela uma incômoda orfandade na imprensa paulista. Quércia exerceu longevo domínio sobre jornais, rádios e emissoras de TV no interior do Estado, inclusive quando não era dono deles. Mas também na capital ninguém jamais buliu com o patrão.

É no mínimo curioso que nenhum obituário mencione as múltiplas suspeitas que mancharam a longa carreira do político. Nenhum cronograma das investigações públicas, nenhum perfil dos famigerados compadres que o cercaram por toda a vida, nenhuma estatística sobre o abrupto enriquecimento de Quércia durante o exercício de seus mandatos. Cabe lembrar que ele partiu da penúria para construir gigantescos impérios jornalísticos e imobiliários em questão de três décadas.

Talvez esse respeito enlutado advenha dos últimos parceiros de Quércia na política local. Graças aos acordos entre ele e José Serra, quercistas, tucanos e demos diluem-se no mesmo ectoplasma que domina São Paulo há tanto tempo. Desde Gilberto Kassab e Alda Marco Antônio até Geraldo Alckmin e Guilherme Afif Domingos, estão todos muito magoados. A Soninha, coitada, deve estar um desconsolo só.

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