Iacyr Anderson Freitas é reconhecidamente um dos maiores talentos da nova poética brasileira. Aprecio seus poemas rigorosos, enxutos, reflexivos, desde o premiado “A soleira e o século” (2002). “Viavária” chega-me de novo pela iniciativa generosa do autor. O livro tem edição caprichada da Nankin e prefácio de Alexei Bueno.
Viavária
Pensava que antiga fosse, mas jovem,
assim tão jovem me parece agora
essa ruína de erros: céus que se movem
para a morte, que entre livros se escora.
E é bem dos livros esse culto à morte.
Em cada página. Em cada linha
não medida, que outras linhas suporte,
há sempre a luz do que jamais se aninha
num só instante (seja ele qual for),
mas brilha além de qualquer objetiva,
além do tempo, que altera o sabor
de tudo o que salgou sua saliva.
Por isso urge unir, a frio, o que o acaso
dissipou, o que se tornou exausto
de florir, pois a si mesmo (e a prazo)
este livro se entrega em holocausto.
Viavária
Pensava que antiga fosse, mas jovem,
assim tão jovem me parece agora
essa ruína de erros: céus que se movem
para a morte, que entre livros se escora.
E é bem dos livros esse culto à morte.
Em cada página. Em cada linha
não medida, que outras linhas suporte,
há sempre a luz do que jamais se aninha
num só instante (seja ele qual for),
mas brilha além de qualquer objetiva,
além do tempo, que altera o sabor
de tudo o que salgou sua saliva.
Por isso urge unir, a frio, o que o acaso
dissipou, o que se tornou exausto
de florir, pois a si mesmo (e a prazo)
este livro se entrega em holocausto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário