Pode ser apenas por ignorância que a mídia corporativa chama os autores dos ataques a páginas do governo de “hackers”, e não pelo correto “crackers”. Mas é bom desconfiar, porque certas besteiras vocabulares ocultam manipulações. A terminologia amena indica, por exemplo, uma tentativa de transformar os malfeitores em vigilantes da ética e da transparência que pareçam adeptos da desmoralizada agenda neo-udenista nacional.
Infelizmente, porém, parte da militância eletrônica envereda pelo mesmo caminho, evitando condenar a sabotagem gratuita e politicamente amorfa dos invasores. Talvez pensem que ela pode abalar inimigos ocasionais, como a gestão Ana de Hollanda no MinC.Ou talvez ingenuamente considerem que a divulgação de uns cepeefes representa uma grande vitória de suas causas revolucionárias.
Embora a reação dos ativistas mais coerentes tenha surgido com atraso e imersa em polêmicas desnecessárias, ela deixou pelo menos um alerta: a ação dos crackers servirá para fortalecer as medidas legislativas que visam o controle da internet. De fato, os ataques parecem oportunos demais para os censores, e não seria conspiratório questionar se existe mesmo alguma coincidência no caso.
Eis, enfim, um bom motivo para que os inimigos do AI-5 digital se mobilizem. Antes que os veículos mudem subitamente de lado e comecem a chamá-los de cúmplices da bandidagem cibernética.
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