quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Monarcas



“O Poder Judiciário é um poder monárquico no interior da República. Ele é o único poder que desconhecer a decisão popular. Não temos eleições sequer para promotor público, não há nenhuma avaliação que a população possa fazer a respeito das ações de tal poder. Por isto, diria que ele é o ponto cego do republicanismo, o que explica porque ele pode tomar decisões que ignoram monarquicamente a soberania popular e que demonstram, claramente, seus interesses de classe e sua permeabilidade aos grandes atores econômicos. Uma das exigências da criatividade política atual consiste em repensar a estrutura do Poder Judiciário.

Vejam só um exemplo. O Brasil conheceu um presidente afastado em um processo de impeachment, Fernando Collor. Tal afastamento significou o reconhecimento de sua incapacidade em governar, assim como o reconhecimento da natureza escusa de suas práticas políticas. Não seria correto então que todos aqueles que ele nomeou para o STF também fossem afastados? Afastamos Collor mas convivemos até hoje com seu primo no STF.”

Filósofo Vladimir Safatle, entrevistado pela revista Caros Amigos de agosto.

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