sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A pauta do governo



As campanhas vitoriosas para sediar a Copa e as Olimpíadas fortaleceram Orlando Silva (embora não fosse o maior responsável por elas), mas ocultaram temporariamente o fato de que os desafios vindouros exigiriam alguém reconhecido no meio, com respaldo popular e influência na base governista. Quando ficou evidente que a visibilidade e o poder eram excessivos para seu cacife político, o ex-ministro tornou-se alvo fácil de qualquer ataque bem orquestrado pela imprensa oposicionista.

A fragilidade das acusações que o derrubaram e a inação do Planalto (muito particularmente das lideranças petistas) durante sua fritura pública bastam como evidências desse isolamento. A reação tardia da militância comunista, culpando a antiqüíssima pusilanimidade do governo federal perante o noticiário calunioso, atinge apenas um sintoma da enfermidade que se agravou em silêncio nos últimos anos.

A euforia dos analistas com a renúncia, equivalente à indignação que vociferam contra os eventos esportivos organizados no país, revela o peso estratégico da pasta. Mas falta-lhe uma estrutura de comunicação eficaz que responda aos previsíveis golpes baixos da mídia corporativa. Falta estruturar e fortalecer o comando estatal responsável pela Copa do Mundo, fornecendo um contraponto à altura da CBF e da Fifa, cujos métodos conhecemos bem. Falta, enfim, estabelecer uma agenda própria, imune à pauta negativa que os veículos já se acostumaram a ditar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mas Guilherme, será que o cacife político do Aldo Rebelo está a altura da visibilidade desses grandes eventos? Talvez o problema como vc disse, esteja mais na necessidade de uma agenda estatal forte para essa questão, importando menos o nome do ministro. Abs Felipe

Unknown disse...

Felipe, Aldo Rebelo não seria nem minha décima escolha, mas acho que já é um avanço em relação à fragilidade de Orlando Silva. Sem uma agenda coordenada, realmente, ninguém fará milagres.
Abraços do
Guilherme