quinta-feira, 22 de março de 2012

“Pina”



Wim Wenders recorre ao 3D buscando a experiência física da expressão corporal. No palco, através da iluminação dura e contrastada, a técnica salienta os relevos dos músculos, do figurino e dos materiais elementares dos cenários. Nas inusitadas locações exteriores, destacam-se o colorido e a perspectiva, com registro muito próximo ao do surrealismo pictórico. Os contínuos movimentos de câmera (quase sempre em gruas, dollys e steadycams) participam das coreografias e são completados por ela.

O espetáculo audiovisual transcende as linguagens envolvidas e conduz o documentário a um novo patamar. É um estudo sobre a dança, a música e a fotografia, mas não se atém aos respectivos limites formais. É abstrato e contemplativo, mas possui um discurso de tonalidades políticas, sexuais e metalingüísticas. Dessa experiência quase transcendental, Wenders faz arte em estado puro, digna do universo mágico de Pina Bausch.

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