segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A campanha no STF



Ninguém mais acredita que o julgamento do tal “mensalão” terá qualquer resquício de imparcialidade. O clima turbulento do STF, similar ao dos plenários legislativos, evidencia pendores emocionais incompatíveis com a tecnicidade das questões em pauta.

O acusador é questionado por favorecer supostos criminosos. Um dos julgadores aparece como beneficiário do caixa dois tucano, origem do próprio caso agora sob sua análise. Outro tem ligações históricas com o PT. O relator e alguns colegas se desesperam para que o destino de trinta e seis réus seja decidido em apenas dois meses, garantindo assim os votos reconhecidamente favoráveis à condenação.

A coisa toda ganha ares kafkianos quando lembramos que há cerca de 46 mil processos aguardando decisão final do STF. E que o multimilionário “mensalão tucano” foi desmembrado para restar apenas Eduardo Azeredo como réu (outros dez puderam voltar à Justiça mineira, enquanto esse direito foi negado a trinta acusados no processo atual), sendo que mesmo o caso do ex-governador do PSDB não tem previsão de agendamento.

O que se passa no STF é um ritual político, organizado às pressas para coincidir com as eleições municipais. E o que se passa fora da corte é um circo de propaganda montado pela mídia corporativa, cujos comentaristas adicionam vernizes de imparcialidade “técnica” ao subtexto manipulador que a legislação eleitoral proíbe escancarar.

Um comentário:

Vania disse...

Concordo inteiramente com você. E isso tem ficado tão evidente que, no cidadão comum, não se observa nenhum tipo de interesse ou preocupação com o caso. Andando nas ruas, não se ouve nada sobre o assunto. Que parece muito mais o esforço golpista dos adversários dos petistas, na imprensa e fora dela.