Ninguém mais acredita que o julgamento do tal
“mensalão” terá qualquer resquício de imparcialidade. O clima turbulento do
STF, similar ao dos plenários legislativos, evidencia pendores emocionais
incompatíveis com a tecnicidade das questões em pauta.
O acusador é questionado por favorecer supostos criminosos. Um dos julgadores aparece como beneficiário do caixa dois tucano,
origem do próprio caso agora sob sua análise. Outro tem ligações históricas com
o PT. O relator e alguns colegas se desesperam para que o destino de trinta e
seis réus seja decidido em apenas dois meses, garantindo assim os votos
reconhecidamente favoráveis à condenação.
A coisa toda ganha ares kafkianos quando lembramos
que há cerca de 46 mil processos aguardando decisão final do STF. E que o multimilionário “mensalão tucano” foi desmembrado para restar apenas Eduardo
Azeredo como réu (outros dez puderam voltar à Justiça mineira, enquanto esse
direito foi negado a trinta acusados no processo atual), sendo que mesmo o caso
do ex-governador do PSDB não tem previsão de agendamento.
O que se passa no STF é um ritual político,
organizado às pressas para coincidir com as eleições municipais. E o que se
passa fora da corte é um circo de propaganda montado pela mídia corporativa, cujos
comentaristas adicionam vernizes de imparcialidade “técnica” ao subtexto
manipulador que a legislação eleitoral proíbe escancarar.
Um comentário:
Concordo inteiramente com você. E isso tem ficado tão evidente que, no cidadão comum, não se observa nenhum tipo de interesse ou preocupação com o caso. Andando nas ruas, não se ouve nada sobre o assunto. Que parece muito mais o esforço golpista dos adversários dos petistas, na imprensa e fora dela.
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