quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Perder para ganhar















A seleção feminina de handebol da Noruega perdeu de propósito na primeira fase para pegar o Brasil, supostamente mais fraco, na quarta-de-final. Eliminou-o da competição. A seleção espanhola de basquete masculino permitiu a vitória brasileira para evitar os EUA na semi. O Brasil não terá chance de ficar com a medalha de prata.

Há vários exemplos semelhantes em Londres. Os entendidos nas modalidades garantem que os respectivos jogos deixam poucas dúvidas, mas de fato é impossível provar a má-fé. Sem a confissão de um técnico (forçada pelas circunstâncias inverossímeis), as chinesas, sul-coreanas e indonésias do badminton jamais seriam punidas por combinar resultados. Atletas de primeiro nível conseguem forjar o teatro que quiserem, sob aplausos da maioria leiga.

Tudo isso faz parte do regulamento, jogo jogado, azar dos ingênuos, certo? Certo?

Questão pedregosa. Ninguém é obrigado a dar o máximo de si, especialmente quando inexistem motivos para o sacrifício. Mas o prejuízo de outras partes envolvidas é óbvio demais para o método passar incólume: competidores são impedidos de atingir melhores colocações (e talvez de ganhar medalhas) por causa de uma estratégia que é a própria negação da excelência técnica.

Um toque de sensatez nos futuros regulamentos olímpicos resolverá o problema. Por enquanto, os episódios ajudam a refletir sobre os padrões culturais que tomamos como exemplo.

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