quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Mudança no MinC












Terminou um tanto melancolicamente a passagem de Ana de Hollanda pelo Ministério da Cultura.  Sua gestão viveu à sombra do excelente trabalho dos predecessores Gilberto Gil e Juca Ferreira, incapaz de substituí-lo por um novo modelo administrativo. Sob ataques intermitentes de certas alas da militância cultural, nem sempre justos e desinteressados, a ex-ministra falhou em organizar uma base de apoio junto aos setores representativos que poderiam defendê-la na crise derradeira.

Questionar as simplificações que embasaram algumas dessas críticas não significa ignorar os equívocos do ministério. Polêmicas menores (a licença Creative Commons) e distorções inaceitáveis (o blog de Maria Bethania) serviram para conturbar debates profundos sobre as questões pendentes na área. O tema dos direitos autorais, por exemplo, foi reduzido a briguinha ideológica rasteira.

As carências no setor são tamanhas, porém, que suplantam a elaboração de qualquer política cultural ampla, embasada e coerente. Edifícios e acervos arruinados, filmes brasileiros ignorados pelo circuito exibidor, literatura desprestigiada, monopolização corporativa dos incentivos fiscais, cada imenso nó estrutural pede ações específicas que dispensam os exercícios teóricos desejáveis em circunstâncias mais positivas. A festejada habilidade política de Marta Suplicy talvez ajude a criar condições para que essas medidas pontuais sobrevivam às intrigas de gabinete.

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