segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Russomano é a nova boa notícia















As dificuldades da campanha de José Serra ficaram evidentes desde que o cenário eleitoral começou a definir-se.  O histórico do candidato, os bastidores de sua “escolha” no PSDB, os índices de rejeição que o acompanham, as características dos públicos almejados pelos adversários e o anseio renovador do eleitorado anunciavam que o tucano teria uma tarefa quase impossível pela frente.

A surpresa vem da intensidade com que os possíveis eleitores de Serra migraram para Celso Russomano e Fernando Haddad. Reagindo à tendência, o ex-governador terá de assumir uma postura negativa, de ataques pulverizados e apelativos, opção que raramente logra sucesso. A lógica aponta para uma polarização cada vez maior entre os pleiteantes do PRB e do PT rumo ao segundo turno.

Nesse quadro, Haddad ganha uma vantagem que precisa ser habilmente explorada. A também previsível adesão de Marta Suplicy e os apoios de Lula e Dilma Rousseff dividirão os setores mais pobres e numerosos do eleitorado, que representam a grande força de Russomano. Nos outros recortes da pirâmide social, porém, o líder das pesquisas deve atrair antipatia ainda maior que a do petista. Os atuais esforços desmoralizadores da imprensa tucana e a futura exposição das propagandas obrigatórias ajudarão a afastar as classes médias e altas de Russomano, identificando-as ao perfil menos controverso de Haddad.

O voto útil desses segmentos terá, portanto, um papel decisivo na reta final da disputa. Para conquistá-lo, Haddad precisa antagonizar frontalmente com Russomano, buscando um discurso alinhado aos temas que sensibilizam o eleitorado serrista (religião, experiência, linhagem partidária, etc). Ao mesmo tempo, deve se esquivar da proverbial agressividade que norteará os últimos esforços de Serra, atingindo-o apenas indiretamente, através de suas ligações com a impopular administração Gilberto Kassab.

A estratégia demanda paciência e cautela, principalmente se os grandes institutos de pesquisa recorrerem às conhecidas manipulações para ocultar o verdadeiro grau da derrocada tucana. Soa temerário, mas não deixa de sinalizar perspectivas inesperadas para uma campanha que muitos já consideraram perdida.

2 comentários:

Vania disse...

Sou do Rio, mas muito interessada em política, de qualquer lugar do Brasil. Espero mesmo que você esteja certo em sua análise equilibrada e sensível. E isso, para o bem de São Paulo e do resto do país. Um abraço.

ediney santana disse...

Quando vejo os nomes que podem governar nossas capitais fico em tristeza profunda cada um pior que o outro