segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Polyana matadora



















Dizem que o livro “Não há dia fácil” derruba a versão oficial sobre o fuzilamento de Osama Bin Laden. Mas... sério? Alguém de fato acreditou que os assassinos pagos pelo governo estadunidense queriam levar o terrorista algemado? Que lhe permitiriam desfrutar do devido procedimento legal, tomando café de canequinha na pensão de Haia? Ou mesmo sofrendo torturas no campo de concentração que a civilizada potência mantém perto de Miami?

Elio Gaspari escreveu na Folha que “a missão de Abbottabad acabou bem”. Acabou, realmente: com os últimos resquícios do Direito Internacional, das convenções humanitárias e dos princípios que regem qualquer democracia do planeta. Gaspari faria melhor à própria reputação se guardasse para si as emoções aventureiras que sentiu ao ler esse novo panfleto apologético dos bravos cruzados do norte.

Claro que a obra serve de propaganda eleitoral republicana, minando o maior trunfo bélico da gestão Barack Obama. Mas essa conta deve ser cobrada também de Hillary Clinton, que patrocinou e comandou a execução de um homem desarmado, em solo estrangeiro, seguida pela destruição de provas e pelo sumiço do cadáver. Coisa de chinês comuna malvado.

Para os padrões engabeladores da política externa dos EUA, porém, a revelação talvez não venha a fazer muita diferença. Se a chacina seduz até jornalistas deste rincão selvagem, dá para imaginar o que não faz na própria terra dos caubóis.

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