quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Terra arrasada















Sabíamos que a cobertura jornalística do julgamento do chamado “mensalão” serviria bem à agenda eleitoral conservadora. A hidrofobia antipetista dos magistrados cabe na moldura do relato “imparcial”, isenta os veículos de uma abordagem equilibrada e possui um caráter definitivo que dispensa contrapontos técnicos.

Os vinte minutos dedicados ao tema pela Rede Globo, em pleno Jornal Nacional, revelam que a mídia corporativa aprendeu com o primeiro turno e que não está disposta a tolerar novas surpresas. Se o oportunismo ético dos admiradores de Joaquim Barbosa foi insuficiente para impedir as arrancadas petistas no momento decisivo (e se eles não dispõem de melhores alternativas), a saída é fomentar o descrédito nos rituais democráticos, inibindo a afluência às urnas e incentivando o conformismo em relação às expectativas de vitória.

A estratégia é eficaz e preocupante, mas não isenta de riscos. As pesquisas tanto procuraram forçar tendências no eleitorado que chegaram a um ponto de falseamento no qual seus próprios manipuladores perderam a noção do quadro real. Como alguém que atira a esmo porque não consegue enxergar a ameaça, o jornalismo demotucano tenta prevenir o perigo vermelho sem dimensioná-lo ou mesmo compreender suas origens.

Basta um pequeno erro de tom, e um marqueteiro hábil devolve a insegurança estatística pela culatra dos sabichões.

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