O que explica o sucesso de tantos atores que
enveredam pela direção é a experiência no trabalho dramático e a afinidade com o
universo criativo dos seus pares. De George Clooney a Selton Mello, passando
por inúmeros exemplos de todas as nacionalidades, a capacidade de extrair boas
interpretações sobrepõe eventuais inseguranças próprias aos novatos no ofício. A
presença de técnicos hábeis garante o resto.
Ben Affleck não foge ao modelo. Mas seu terceiro
longa-metragem como diretor destaca-se dos anteriores na segurança com que
transita por diferentes climas e ritmos, sem perder o controle da unidade. Muito
desse resultado nasce do excelente roteiro do jovem Chris Terrio, que
transformou uma passagem real meio desinteressante numa obra divertida que une comentário
político, drama de espionagem e sátira ao universo hollywoodiano. Forçando a
análise (rumo à falta de verossimilhança e de fidelidade histórica, por
exemplo), pode até conotar certo esforço metalingüístico.
“Left-wing
bullshit”, diria o velho Clint. Justamente por essa afinidade com o padrão
cool da intelectualidade local, e pelo espírito saudosista em voga, o filme se
credencia como candidato a alguma coisa no próximo Oscar. Talvez fosse oportunidade
para reconhecer o sensacional John Goodman, cujos momentos com Alan Arkin são
impagáveis.
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