Lucubrações acerca do capitalismo e da crise
econômica, atualizando o conhecido romance de Don DeLillo. Surpreendentemente
fiel ao livro, inclusive nas passagens mais embaraçosas e nos diálogos cheios
de elipses e subentendidos. O engenhoso clima apocalíptico foi acrescentado
pela adaptação de David Cronenberg.
Personagens secundários apresentam diferentes perspectivas
dos temas centrais, orbitando as errâncias do protagonista. Os atores famosos
emprestam vigor aos tipos e ressaltam a inexpressividade vampiresca de Robert
Pattinson, mas seria ingênuo creditar sua escolha apenas a uma jogada
publicitária do diretor.
Suas marcas visuais estão muito
presentes: o interior quase orgânico da limusine, a degradação corporal, a
violência explícita, a insanidade, o ambiente de pesadelo. Há algo na fotografia
de Peter Suschitzky (antigo colaborador de Cronenberg) que remete aos seus
primeiros filmes de suspense. Talvez o uso das lentes grande-angulares em
primeiríssimos planos, com filtros de cores inusitadas. Mas a péssima cópia do
Cinemark não permitiu maiores desfrutes.
É interessante notar a misteriosa aparição de Paul
Giamatti, através da janela do carro, na calçada. O relance, que pode passar
despercebido, ganha menção na seqüência final.
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