Os eleitores de Washington e Colorado aprovaram em
plebiscito a legalização total da maconha. Outros dezenove estados norte-americanos
permitem o uso medicinal da planta. O maior patrocinador mundial da estúpida
política repressiva antidrogas aos poucos adere à tendência descriminalizante
que vigora em países como Holanda, Suíça, Espanha, Portugal, Argentina,
Uruguai. E o Brasil continua apegado a um entulho jurídico que até mesmo os
seus criadores tratam de abandonar.
Antes o provincianismo local justificava nossa
adesão através da suposta grandeza civilizatória dos painhos do Norte. Agora essa
mesma superioridade ajuda a endossar uma posição contrária: não somos
“evoluídos” o suficiente para seguir o exemplo alheio. É uma saída cômoda
também para setores profissionais alinhados ao proibicionismo, constrangidos
por estatísticas e pareceres técnicos que derrubam suas mistificações alarmistas.
Entre as possíveis críticas às administrações petistas,
uma das mais subestimadas pela intelectualidade é a preservação dessa
excrescência legal. Três sucessivos governos progressistas, com maioria parlamentar,
foram incapazes de promover um avanço tão óbvio, respaldado por juristas,
estudiosos de Segurança Pública e organismos internacionais. O máximo a que
chegamos são iniciativas como a do movimento É Preciso Mudar, que perpetuam as políticas arcaicas sob uma fachada pretensamente liberal.
No futuro, quando a esquerda brasileira
contabilizar seu legado na evolução dos direitos individuais, encontrará pelo
menos um bom motivo de orgulho: ajudou a promover o filme do ursinho maconheiro.
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