Se tivesse realizado o filme que planejei quando
coordenava a Cinemateca Campineira, quase vinte anos atrás, o resultado
chegaria muito perto disso. O mesmo preto-e-branco, o ritmo contemplativo, o enredo
autobiográfico e até a formatação antiga.
Seria menos
melancólico, talvez, alinhado ao “cinemaparadisismo” lúdico e otimista da
época. Mas com certeza teria as inúmeras sequências de filmes clássicos e raros
que gravei na camerazinha VHS, durante as sessões. Aqui as imagens cinéfilas
fazem uma falta enorme, não sei se por opção estética ou por impedimento legal.
A última hipótese parece aterradora.
Percebe-se que o jovem diretor Federico Veiroj tem
alguma experiência no universo peculiar do cineclubismo. Para quem viveu aquilo,
certas passagens chegam a divertir, de tão familiares. É uma pena, entretanto,
que Veiroj deixe de explorar outros muitos personagens curiosos e situações
divertidas próprios da atividade.
Jorge Jellinek, conhecido crítico uruguaio,
empresta comovente humanidade ao protagonista. Um ator profissional não faria
melhor. Seu monólogo sobre a mentira é momento primoroso desse manifesto de
carinho por uma cultura em vias de extinção.
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