sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

“A vida útil”



















Se tivesse realizado o filme que planejei quando coordenava a Cinemateca Campineira, quase vinte anos atrás, o resultado chegaria muito perto disso. O mesmo preto-e-branco, o ritmo contemplativo, o enredo autobiográfico e até a formatação antiga.

 Seria menos melancólico, talvez, alinhado ao “cinemaparadisismo” lúdico e otimista da época. Mas com certeza teria as inúmeras sequências de filmes clássicos e raros que gravei na camerazinha VHS, durante as sessões. Aqui as imagens cinéfilas fazem uma falta enorme, não sei se por opção estética ou por impedimento legal. A última hipótese parece aterradora.

Percebe-se que o jovem diretor Federico Veiroj tem alguma experiência no universo peculiar do cineclubismo. Para quem viveu aquilo, certas passagens chegam a divertir, de tão familiares. É uma pena, entretanto, que Veiroj deixe de explorar outros muitos personagens curiosos e situações divertidas próprios da atividade.

Jorge Jellinek, conhecido crítico uruguaio, empresta comovente humanidade ao protagonista. Um ator profissional não faria melhor. Seu monólogo sobre a mentira é momento primoroso desse manifesto de carinho por uma cultura em vias de extinção.

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