Quando levantei suspeitas acerca da recém-criada CPI
do Cachoeira, algumas críticas me acusaram de fazer o jogo da imprensa
corporativa, tentando gorar antecipadamente os trabalhos. Ao longo dos seis
conturbados meses que eles tomaram, de fato houve momentos alvissareiros, recebidos
com desmedida euforia por setores da blogosfera. Agora que é possível fazer um
balanço dos resultados, porém, lamento a confirmação das minhas expectativas.
O fracasso parecia inevitável desde que a Delta ganhou
destaque na CPI. A idéia de que o relatório pudesse partir das vastas conexões políticas
da empresa para envolver ao mesmo tempo a revista de maior circulação no país e
o Procurador-Geral da República, sem que as audiências lhes dedicassem um mínimo
rigor investigativo, ultrapassava qualquer juízo sensato. A tentativa inicial
do relator Odair Cunha de citá-los só pode ser entendida, portanto, como esforço
para salvaguardar sua reputação junto à militância mais crédula.
O episódio evidencia a inabilidade estratégica do
PT na condução da base parlamentar federal. Buscando criar um legítimo e necessário
contraponto à tendenciosa cobertura midiática do julgamento no STF, o partido
investiu esforços na pior alternativa possível. Atraiu inimigos fortes e
numerosos demais, misturou polêmicas de abrangência descabida, forneceu
pretextos para a desmoralização seletiva do noticiário e criou uma esperança
irreal na platéia progressista. Com o devido respeito, parece até de propósito.
É curioso perceber que o equívoco praticamente
sepultou as chances de uma CPI sobre as privatizações dos governos FHC. Esta
constrangeria o Ministério Público a debruçar-se sobre um tema explosivo, que
no futuro colocaria à prova o espírito saneador do STF. Mesmo que a decepção
fosse previsível (ninguém imagina que Roberto Gurgel pediria a prisão de
Verônica Serra ou que Joaquim Barbosa condenaria um ministro de FHC baseado no
“domínio do fato”), os tiroteios resultantes ajudariam a divulgar as estranhas coincidências
registradas no livro “A Privataria Tucana”.
A questão de combater os abusos do poder midiático
passa por caminho diverso. A tão sonhada “murdochização” da imprensa antidemocrática
exige que a esquerda parlamentar assuma essa bandeira com a necessária coragem,
propondo CPI específica, mobilizando grupos de trabalho, utilizando seus laços
com o Judiciário e pressionando governos a suspenderem a publicidade estatal em
certos veículos. Se não há condições políticas para tanto, cabe à
intelectualidade progressista redimensionar suas esperanças, adotando propostas
menos irrealizáveis e frustrantes.
Um comentário:
Quando assassinaram o Edinaldo deram 13 tiros nele (número do PT), sendo que o último foi em seu anus por ele ser homossexual. Agora querem dar um golpe pela (in)justiça e tirar a vitória que o povo deu nos votos ao PT, entregar o poder aos assassinos do PSDB. Peço ajuda na divulgação deste caso.
http://blogdadilma.com/index.php/politica/1488-sos-serra-do-mel-rn
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