Falta alguma coisa a esse terceiro filme de Andrew
Dominik (do ótimo “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford”). Há
quedas abruptas e desnecessárias de ritmo, uma estrutura narrativa estranha,
minutos em excesso aqui e acolá. Mas a premissa é interessante, as atuações são
admiráveis (Ray Liotta, James Gandolfini e Ben Mendelsohn destacam-se) e os
diálogos tarantinianos beiram a hilaridade.
Outras referências bastante claras remetem a Sam
Peckinpah, que apreciava retratar a violência em câmera lenta, e a Martin
Scorsese, que não hesita em explicitá-la no limite do suportável. É ocioso, porém,
condenar esse registro como gratuito, num universo cultural saturado de
exemplos mais vulgares e bem menos felizes plasticamente. Se aqui ele parece
repulsivo e vazio de significado, ponto para a concepção visual de Dominik e
para sua abordagem crítica (niilista?) da sociedade estadunidense.
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