Cartum de Sergio Aragonés |
Podemos até compreender a relevância jornalística de
Marcos Valério e a repercussão midiática de suas denúncias. Afinal, alegam os jornalistas irresponsáveis (ou mal intencionados), registrar
um depoimento não significa endossá-lo, por menos confiável que seja. Curiosamente,
porém, esse espírito divulgador não serviu, e continua não servindo, para
outros réus notórios de mesma estirpe delatora.
Os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin,
acusados de encabeçar a famosa máfia dos Sanguessugas, afirmaram diversas vezes
que possuíam documentos apontando a participação direta de José Serra e Barjas
Negri, ex-ministros da Saúde do governo FHC, no esquema de compras
superfaturadas de ambulâncias. Consta que a papelada apreendida com os tais
“aloprados” petistas, em 2006, durante uma suspeitíssima ação da Polícia
Federal, possuiria o mesmo teor bombástico.
A presteza mediúnica da PF enterrou as chances
eleitorais de Aloízio Mercadante, mas o dossiê mergulhou no limbo da amnésia seletiva
da imprensa. Escrupulosos e republicanos, os veículos decidiram não prestigiar
as ilações de supostos malfeitores, pois não os consideravam fidedignos. E os
Vedoin desapareceram da pauta, junto com as dezenas de autoridades indiciadas.
Será que eles não têm mais nada a declarar? Eis um
bom teste para os novos padrões de relevância noticiosa do nosso combativo
jornalismo.
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