“É impossível entender a situação no Mali sem
examinar o papel da Argélia”, escreve Pepe Escobar em seu artigo no Asia Times.
Segundo o correspondente, os serviços de inteligência dos EUA, da Argélia e das
potências europeias fomentam de maneira orquestrada o recrudescimento do
terrorismo no noroeste da África. E o fazem movidos por interesses complementares.
Provocando a necessidade de uma intervenção armada
e usando a tecnologia militar como pagamento pelo apoio de Argel, estadunidenses,
franceses e aliados expandem seu controle sobre os recursos energéticos da
região, particularmente o petróleo e o gás na fronteira norte do Mali e o urânio
do Níger, a leste. Aproveitando as disputas locais que se alimentam do colapso
institucional malinês, o governo argelino incorpora a “Guerra ao Terror”, há
pelo menos uma década, para expandir e consolidar seus interesses no chamado Magrebe.
Tuaregues, líderes militares e células combatentes
reproduzem o papel benéfico da própria Al-Qaeda para a diplomacia expansionista
ocidental: ajudam-na a combater inimigos circunstanciais e depois se tornam
eles mesmos os inimigos circunstanciais. Completo o ciclo, restam apenas os
vitoriosos.
O surto neocolonialista empurra a França para um
inexplicável e temerário conflito internacional. Os “analistas” brasileiros não
aplaudiriam como reses a iniciativa se os interventores viessem de um país
saariano, mesmo que professasse as mesmas intenções civilizatórias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário