segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Impérios
















“É impossível entender a situação no Mali sem examinar o papel da Argélia”, escreve Pepe Escobar em seu artigo no Asia Times. Segundo o correspondente, os serviços de inteligência dos EUA, da Argélia e das potências europeias fomentam de maneira orquestrada o recrudescimento do terrorismo no noroeste da África. E o fazem movidos por interesses complementares.

Provocando a necessidade de uma intervenção armada e usando a tecnologia militar como pagamento pelo apoio de Argel, estadunidenses, franceses e aliados expandem seu controle sobre os recursos energéticos da região, particularmente o petróleo e o gás na fronteira norte do Mali e o urânio do Níger, a leste. Aproveitando as disputas locais que se alimentam do colapso institucional malinês, o governo argelino incorpora a “Guerra ao Terror”, há pelo menos uma década, para expandir e consolidar seus interesses no chamado Magrebe.

Tuaregues, líderes militares e células combatentes reproduzem o papel benéfico da própria Al-Qaeda para a diplomacia expansionista ocidental: ajudam-na a combater inimigos circunstanciais e depois se tornam eles mesmos os inimigos circunstanciais. Completo o ciclo, restam apenas os vitoriosos.

O surto neocolonialista empurra a França para um inexplicável e temerário conflito internacional. Os “analistas” brasileiros não aplaudiriam como reses a iniciativa se os interventores viessem de um país saariano, mesmo que professasse as mesmas intenções civilizatórias.

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