A mídia tucana quer desacreditar as comparações
entre a década de governo petista e os oito anos do antecessor. É fácil
entender por que: basta observar as estatísticas. Não há um único indicador econômico
relevante que tenha piorado sob Lula e Dilma. E a evolução dos índices de
caráter social não apenas suplanta os patamares das últimas décadas, mas também
adquire proporções históricas.
Não interessa aqui se a administração em exercício
realiza todas as suas promessas de campanha, se é ótima, boa ou sofrível, nem
mesmo se corresponde às expectativas do eleitor. Trata-se de reconhecer que a
coligação de centro-esquerda encabeçada pelo PT foi e é mais competente (alguns
prefeririam “menos incompetente”) para governar o país do que a de centro-direita
liderada pelo PSDB. Simples assim. Se existem critérios objetivos para refutar
a conclusão, que sejam apresentados e debatidos.
Os esforços da imprensa corporativa para diluir esse
contraste machucam a inteligência do público. A abrangência macroeconômica que
faz de FHC uma espécie de propulsor de Lula e Dilma poderia ser estendida a
Sarney, Médici, Vargas, Prudente, Floriano, Dom João VI, ao sabor do freguês. Uma
das constatações mais frequentes da historiografia dos grandes períodos é a
tendência evolutiva das sociedades. E sempre haverá uma rede infindável de
nexos causais preparando, propiciando e condicionando eventos futuros.
A idéia de repartir o mérito de Lula e Dilma com
FHC possui também um ranço antidemocrático. Primeiro porque nega a dinâmica
político-eleitoral que envolve esses projetos de poder, tentando neutralizar os
antagonismos que marcarão a disputa de 2014. E, principalmente, porque influi
na própria essência comparativa do sufrágio. Conhecer e contrapor os resultados
de experiências administrativas rivais é um direito soberano do cidadão.
O hábito de generalizar os defeitos e os méritos da
classe política tem uma natureza ideológica bastante determinada. Sua
conveniência à estratégia eleitoral oposicionista espelha a idoneidade dos
defensores da falácia.
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