A oposição que vive bravateando purismos éticos acaba
de participar do esquema que elegeu Renan Calheiros e Henrique Alves no
Congresso. A rigor, é um direito seu, e faz parte do jogo. Mas parece estranho
ver deputados e senadores que aplaudiram a sanha condenatória do STF no
julgamento do chamado “mensalão” logo depois esconderem seus votos do distinto
público.
Na origem de toda malvadeza parlamentar reside o
nefasto voto secreto do legislador. Ele é a base da putrefação institucional
brasileira, o vício estrutural que fortalece os lobbies nebulosos e perpetua o
atraso jurídico do país. Se a mídia corporativa tivesse mesmo uma agenda
republicana apartidária faria campanha incansável para derrubar a excrescência.
E os congressistas probos poderiam ajudar, fotografando ou filmando seus
próprios votos para divulgá-los numa página dedicada à causa.
Acontece que a maioria ali, redações inclusas,
gosta de transparência apenas quando arde no bolso alheio. E este é o pior tipo
de trapaceiro.
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