Considerando as bobagens proferidas na
imprensa a respeito de assuntos políticos bastante próximos e atuais, é
compreensível que a cobertura internacional chegue a níveis fictícios. Mas a
demonização de Hugo Chávez ultrapassa critérios básicos de razoabilidade que
justifiquem algum esforço argumentativo.
Compartilho e entendo a repulsa por líderes
fardados de qualquer inclinação. Mas esse aspecto ocupa lugar muito secundário
nas manifestações da direita hidrófoba, cujos argumentos, quando legíveis,
poderiam servir para criticar quase todos os governos do planeta. Mesmo a
insistente denúncia do suposto caráter autoritário do chavismo é acompanhada
por um sabujo silêncio a respeito dos mecanismos institucionais de controle da
mídia em vigor nas mais antigas democracias.
As peculiaridades que sempre fizeram de Chávez um
espectro assustador para certas elites brasileiras não morreram com o
ex-presidente. Na verdade, sua força ganha novos sentidos e maior perenidade a
cada rompante ideológico daqueles que tentam distorcê-lo. Uma entrevista de
Samuel Pinheiro Guimarães, um artigo de Pablo Escobar e um depoimento de George
Galloway fornecem ótimos contrapontos a essa mistificação.
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