Documento obrigatório da história musical paulistana. Além do retrato do gênio. E daqueles malucos velhos de guerra, e dos virtuoses da arte, e de tantas mulheres talentosas que Itamar Assumpção reuniu em sua trajetória ímpar.
As Orquídeas, vinte anos depois, momento mágico.
Lelena Anhaia, etc. Lembra? Lembro, ô se lembro. É um pouco a minha história
também. Meninas, eu vi.
E quase acabo não mencionando a sábia escolha do
narrador oculto, os textos sutis substituindo a locução, a divertida
reincidência do cafezinho nas conversas. E a fotografia certeira do Alemão, de
quem fui privilegiado aluno por uma noite.
Itamar ainda terá o reconhecimento popular que o
angustiava? Ou é exatamente o segredo, o tesouro indecifrado, que devemos
comemorar? Ou o paradoxo meio suicida do artista que tenta ser aceito no
mainstream enquanto o agride estaria inevitavelmente atrelado à sua
personalidade simples e interiorana? Ou aquele mundo magnético e analógico,
espremido em mimeógrafos e cassetes vetustos, só fazia sentido com itamares insanos
lutando contra platéias ruidosas e maldições midiáticas?
O maior impedimento para a consagração póstera do
compositor é que ela remeteria a uma (auto) análise da imprensa cultural, em
particular de seus critérios valorativos e seus mecanismos de legitimação. Itamar
incomoda porque revela muito sobre o ambiente intelectual que o menosprezou. Por
isso quase não há críticos de música no filme.
Mas eles passarão. Itamar continuará florescendo.
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