sexta-feira, 15 de março de 2013

“Daquele instante em diante”






















Documento obrigatório da história musical paulistana. Além do retrato do gênio. E daqueles malucos velhos de guerra, e dos virtuoses da arte, e de tantas mulheres talentosas que Itamar Assumpção reuniu em sua trajetória ímpar.

As Orquídeas, vinte anos depois, momento mágico. Lelena Anhaia, etc. Lembra? Lembro, ô se lembro. É um pouco a minha história também. Meninas, eu vi.

E quase acabo não mencionando a sábia escolha do narrador oculto, os textos sutis substituindo a locução, a divertida reincidência do cafezinho nas conversas. E a fotografia certeira do Alemão, de quem fui privilegiado aluno por uma noite.

Itamar ainda terá o reconhecimento popular que o angustiava? Ou é exatamente o segredo, o tesouro indecifrado, que devemos comemorar? Ou o paradoxo meio suicida do artista que tenta ser aceito no mainstream enquanto o agride estaria inevitavelmente atrelado à sua personalidade simples e interiorana? Ou aquele mundo magnético e analógico, espremido em mimeógrafos e cassetes vetustos, só fazia sentido com itamares insanos lutando contra platéias ruidosas e maldições midiáticas?

O maior impedimento para a consagração póstera do compositor é que ela remeteria a uma (auto) análise da imprensa cultural, em particular de seus critérios valorativos e seus mecanismos de legitimação. Itamar incomoda porque revela muito sobre o ambiente intelectual que o menosprezou. Por isso quase não há críticos de música no filme.

Mas eles passarão. Itamar continuará florescendo.

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