Estão tentando transformar o
terrível acidente com o ciclista em São Paulo num pretexto para a histeria antialcoólica. A embriaguez do motorista é causa apenas secundária da tragédia.
Ele poderia estar sob efeito de alucinógenos selvagens, arrastando-se pela
avenida Paulista de ponta-cabeça, e dificilmente atingiria a vítima com a mesma
gravidade se houvesse uma verdadeira ciclovia no local. Ao mesmo tempo, não há
relatos de que todos os motoristas envolvidos em desastres similares tivessem
bebido.
Não se trata de absolver o
criminoso, tampouco de responsabilizar o ciclista. Mas seria muita leviandade
ignorar que a metrópole simplesmente não possui condições para o fluxo seguro
de bicicletas. Quem pedala no meio do tráfego insano está fadado a sofrer um
acidente, pouco importando os hábitos etílicos dos motoristas. As leis da
probabilidade ignoram direitos e utopias urbanísticas.
Se querem mesmo encontrar
soluções práticas e eficazes para esses sacrifícios humanos absurdos, os
cidadãos podem começar repudiando o absoluto desprezo de todas as instancias
governamentais pelos problemas dos transportes nas grandes cidades. Remendos baratos e simplistas combinam com o moralismo abstêmio
que foge das verdadeiras questões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário