quarta-feira, 13 de março de 2013

Vias













Estão tentando transformar o terrível acidente com o ciclista em São Paulo num pretexto para a histeria antialcoólica. A embriaguez do motorista é causa apenas secundária da tragédia. Ele poderia estar sob efeito de alucinógenos selvagens, arrastando-se pela avenida Paulista de ponta-cabeça, e dificilmente atingiria a vítima com a mesma gravidade se houvesse uma verdadeira ciclovia no local. Ao mesmo tempo, não há relatos de que todos os motoristas envolvidos em desastres similares tivessem bebido.

Não se trata de absolver o criminoso, tampouco de responsabilizar o ciclista. Mas seria muita leviandade ignorar que a metrópole simplesmente não possui condições para o fluxo seguro de bicicletas. Quem pedala no meio do tráfego insano está fadado a sofrer um acidente, pouco importando os hábitos etílicos dos motoristas. As leis da probabilidade ignoram direitos e utopias urbanísticas.

Se querem mesmo encontrar soluções práticas e eficazes para esses sacrifícios humanos absurdos, os cidadãos podem começar repudiando o absoluto desprezo de todas as instancias governamentais pelos problemas dos transportes nas grandes cidades. Remendos baratos e simplistas combinam com o moralismo abstêmio que foge das verdadeiras questões.

Nenhum comentário: