“A vida de Pi”
Espetáculo visual construído pela digitalização
quase absoluta das imagens. Aparentemente realizado para que o recurso ao 3D
potencialize a experiência. Interpretação forte do jovem Suraj Sharma. Texto
simpático, de nuances místicas e ecológicas incomuns no cinemão contemporâneo,
apesar de um resvalo na pieguice, que o final ambíguo ameniza. Bonito e
sensível, mas com algo de artificial.
“As sessões”
John Hawkes soberbo, num papel dificílimo (outra injustiça desse Oscar). Helen Hunt apenas se despe e faz umas caras esquisitas.
Ótima oportunidade para refletir sobre temas delicados e controversos, que
recebem um tratamento leve e espirituoso digno do personagem real, em cujo artigo o roteiro foi baseado. A terapia sexual abordada (reichiana?) rende
muitas discussões interessantes.
“Os miseráveis”
Fotografia caprichada, com enquadramentos inusuais
e referências à pintura francesa daquele período revolucionário, especialmente
Delacroix. A opção pelo recitativo em captação direta, embora pareça apenas
parcial, ressalta as limitações vocais de quase todo o elenco. E aqui Russell
Crowe destaca-se negativamente. Anne Hathaway, sempre ótima, tem passagem fugaz
e intensa. O contraponto cômico é engenhoso e consegue suavizar o chororô e a
desgraceira do enredo. Produção caprichada, coesa, visceral, até emocionante.
Mas sei lá.
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