sexta-feira, 8 de março de 2013

Mais três do Oscar



















“A vida de Pi”

Espetáculo visual construído pela digitalização quase absoluta das imagens. Aparentemente realizado para que o recurso ao 3D potencialize a experiência. Interpretação forte do jovem Suraj Sharma. Texto simpático, de nuances místicas e ecológicas incomuns no cinemão contemporâneo, apesar de um resvalo na pieguice, que o final ambíguo ameniza. Bonito e sensível, mas com algo de artificial.


















“As sessões”

John Hawkes soberbo, num papel dificílimo (outra injustiça desse Oscar). Helen Hunt apenas se despe e faz umas caras esquisitas. Ótima oportunidade para refletir sobre temas delicados e controversos, que recebem um tratamento leve e espirituoso digno do personagem real, em cujo artigo o roteiro foi baseado. A terapia sexual abordada (reichiana?) rende muitas discussões interessantes.



















“Os miseráveis”

Fotografia caprichada, com enquadramentos inusuais e referências à pintura francesa daquele período revolucionário, especialmente Delacroix. A opção pelo recitativo em captação direta, embora pareça apenas parcial, ressalta as limitações vocais de quase todo o elenco. E aqui Russell Crowe destaca-se negativamente. Anne Hathaway, sempre ótima, tem passagem fugaz e intensa. O contraponto cômico é engenhoso e consegue suavizar o chororô e a desgraceira do enredo. Produção caprichada, coesa, visceral, até emocionante. Mas sei lá.

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