Até outro dia as manobras de reformulações
partidárias eram tratadas pela imprensa corporativa como safadezas
inaceitáveis. Nem precisamos lembrar a gritaria que acompanhou o surgimento do PSD. Simples trocas individuais de legenda costumavam receber a imediata ojeriza
do colunismo político, que sempre usou esses episódios para exigir dos
congressistas a tal reforma política.
Pois agora a turma decidiu que nem todo
oportunismo é sinal de malandragem. Os partidos que Marina Silva e Roberto Freire
tentam inventar para concorrer às eleições presidenciais de 2014 recebem
tratamento de nobres causas, direitos soberanos que o malvado governo Dilma
Rousseff estaria sufocando. Mesmo a legitimidade do Congresso para refrear uma
prática tão reprovada já não parece mais incontestável.
Hipócritas descarados, eis o que são esses
comentaristas. Distorcem os fatos a ponto de apelidar de “bolivarianista”, de
“rolo compressor”, a limitação de um hábito indecoroso que eles mesmos
condenavam, em situações idênticas, meses atrás.
Como se a óbvia conveniência dos novos partidos
para o projeto oposicionista fosse um mero efeito colateral de qualquer
interesse republicano maior. Então a atitude ética do governo federal seria se
submeter ao casuísmo alheio, aceitando uma esperteza forjada para derrotá-lo.
Vale tudo em nome da famosa alternância
democrática, não é mesmo?
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