segunda-feira, 29 de abril de 2013

Caras de pau



















Até outro dia as manobras de reformulações partidárias eram tratadas pela imprensa corporativa como safadezas inaceitáveis. Nem precisamos lembrar a gritaria que acompanhou o surgimento do PSD. Simples trocas individuais de legenda costumavam receber a imediata ojeriza do colunismo político, que sempre usou esses episódios para exigir dos congressistas a tal reforma política.

Pois agora a turma decidiu que nem todo oportunismo é sinal de malandragem. Os partidos que Marina Silva e Roberto Freire tentam inventar para concorrer às eleições presidenciais de 2014 recebem tratamento de nobres causas, direitos soberanos que o malvado governo Dilma Rousseff estaria sufocando. Mesmo a legitimidade do Congresso para refrear uma prática tão reprovada já não parece mais incontestável.

Hipócritas descarados, eis o que são esses comentaristas. Distorcem os fatos a ponto de apelidar de “bolivarianista”, de “rolo compressor”, a limitação de um hábito indecoroso que eles mesmos condenavam, em situações idênticas, meses atrás.

Como se a óbvia conveniência dos novos partidos para o projeto oposicionista fosse um mero efeito colateral de qualquer interesse republicano maior. Então a atitude ética do governo federal seria se submeter ao casuísmo alheio, aceitando uma esperteza forjada para derrotá-lo.

Vale tudo em nome da famosa alternância democrática, não é mesmo?

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