terça-feira, 2 de abril de 2013

O Miojo no Enem




















Concordo que a complacência perante as liberalidades tomadas nas redações do Enem precisa ser discutida. A ruptura dos padrões formais socialmente aceitos (ou impostos) e da linguagem dita “culta” pressupõe um domínio prévio desses modelos. E também implica o discernimento das circunstâncias mais apropriadas para os diferentes tipos de manifestação escrita.

O nível da formação dos estudantes que ingressam na universidade é baixíssimo, e em muitos casos chega ao completo despreparo para qualquer atividade acadêmica. Professores de faculdades são obrigados cada vez mais a instruir seus alunos em rudimentos que deveriam ter sido assimilados já no colegial, senão antes. O problema, gravíssimo e subestimado, atinge alunos oriundos de todas as classes sociais. Boa parte da tolerância com os supostos gestos de rebeldia juvenil pretexta lutar contra os enquadramentos para não enfrentar essa questão.

Mas precisamos ter em conta que o fracasso educacional brasileiro inclui o sistema tradicional de vestibulares e toda a economia cínica e embrutecedora que se aproveita dele. É um esquema pesadíssimo de interesses financeiros que possui respaldos inclusive na mídia corporativa – e não é por acaso que a sanha desqualificadora aplicada contra o exame federal não se repete nos similares privados, igualmente repletos de estranhezas.

O Enem deve ser aprimorado, mas continua sendo a alternativa possível para um futuro menos trágico na formação da juventude.

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