Tudo leva a crer que o julgamento do Massacre do
Carandiru terminará com a absolvição dos acusados. Torço para estar errado, mas
não parece haver solidez técnica nas acusações, em particular a necessária
“individualização da conduta”, por falta de provas periciais suficientes. Coisa
antiga, armada para chegar a esse exato resultado, como todos já sabiam à época.
A imprensa tucana pavimenta o caminho ao politizar
o assunto com suas espertas pesquisas de opinião, que repetem outros apelos oportunistas ao suposto clamor popular. Sempre com os avais daqueles
“especialistas” que há pouco não faziam muita questão de rigores probatórios. É
como se os veículos tentassem deixar os jurados à vontade para tomarem decisões
indigestas, fornecendo-lhes o alívio de consciência que a absolvição de fuziladores
costuma solicitar.
O dissimulado esforço pelo engavetamento da
chacina vergonhosa remete à política local. A punição dos assassinos fardados poderia
forçar a constatação de que seus herdeiros corporativos ainda estão em atividade, escrevendo com sangue inocente a história oficial da competência
administrativa peessedebista. A Geraldo Alckmin nada interessa menos que uma gritaria
de advogados e familiares dos réus lembrando que eles obedeceram a ordens
superiores e que estas contaram pelo menos com a omissão da cúpula do governo
estadual.
Mas existem outros embaraços no ar. Os elos do
PSDB paulista com o quercismo são antigos, variados e amiúde comprometedores.
Aqui eles se materializam no senador Aloysio Nunes Ferreira, vice-governador de
Luiz Antônio Fleury na época do massacre. O então secretário de Segurança
Pública, Pedro Franco de Campos, é promotor do Ministério Público do Estado, em
tese responsável por investigar denúncias contra a ruína administrativa
demotucana que, como sabemos, tem sido um primor de lisura.
A ausência desses três personagens do banco dos
réus e do noticiário sobre o julgamento antecipa o desfecho do novo teatro
midiático.
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