sexta-feira, 31 de maio de 2013

“Sem proteção”


















Drama de perseguição com subtexto político, baseado no grupo Weather Underground, que empreendeu ações armadas contra o governo dos EUA nos anos 1960 e 70. O conhecimento prévio da história ajuda a compreender o enredo, mas pode prejudicar suas eventuais surpresas.

Robert Redford está menos preocupado em fazer um relato factual do que em suscitar reflexões sobre a militância, os projetos revolucionários, a geração da contracultura e, principalmente, como os EUA lidam com tudo aquilo meio século depois. O grande interesse do filme, repetindo o inferior “Leões e cordeiros”, concentra-se nesse debate de múltiplas implicações. Sobre o papel da imprensa na democracia. Sobre um governo que pratica o terrorismo a pretexto de refreá-lo. Sobre o combate possível à delinqüência institucionalizada.

Os ataques em Boston e o predomínio do conservadorismo nos EUA fizeram parte da crítica local tratar o filme como uma espécie de apologia irresponsável da violência. É injusto. Há nele uma busca até excessiva de equilíbrio e ponderação, especialmente quando humaniza os agentes do FBI, que em outras épocas seriam apenas espectros conspiratórios e inescrupulosos. Basta rever “Os três dias do Condor”, com o próprio Redford, para notar a diferença na abordagem.

O clima algo melancólico e o tom didático sobrepõem a dinâmica narrativa, aquela paixão eletrizante que marcou o cinema politizado de grandes diretores como Sidney Lumet. Mas Redford consegue reunir um grande elenco de apoio (exceto os atores mais jovens), que garante inevitável empatia pelos antigos revolucionários. E, como curiosidade, resta a fotografia do brasileiro Alberto Goldman, embora não esteja à altura dos melhores resultados de sua bem-sucedida trajetória hollywoodiana.

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