Drama de perseguição com subtexto político,
baseado no grupo Weather Underground, que empreendeu ações armadas contra o
governo dos EUA nos anos 1960 e 70. O conhecimento prévio da história ajuda a
compreender o enredo, mas pode prejudicar suas eventuais surpresas.
Robert Redford está menos preocupado em fazer um
relato factual do que em suscitar reflexões sobre a militância, os projetos
revolucionários, a geração da contracultura e, principalmente, como os EUA
lidam com tudo aquilo meio século depois. O grande interesse do filme,
repetindo o inferior “Leões e cordeiros”, concentra-se nesse debate de
múltiplas implicações. Sobre o papel da imprensa na democracia. Sobre um
governo que pratica o terrorismo a pretexto de refreá-lo. Sobre o combate
possível à delinqüência institucionalizada.
Os ataques em Boston e o predomínio do
conservadorismo nos EUA fizeram parte da crítica local tratar o filme como uma
espécie de apologia irresponsável da violência. É injusto. Há nele uma busca até
excessiva de equilíbrio e ponderação, especialmente quando humaniza os agentes
do FBI, que em outras épocas seriam apenas espectros conspiratórios e
inescrupulosos. Basta rever “Os três dias do Condor”, com o próprio Redford,
para notar a diferença na abordagem.
O clima algo melancólico e o tom didático
sobrepõem a dinâmica narrativa, aquela paixão eletrizante que marcou o cinema
politizado de grandes diretores como Sidney Lumet. Mas Redford consegue reunir
um grande elenco de apoio (exceto os atores mais jovens), que garante inevitável
empatia pelos antigos revolucionários. E, como curiosidade, resta a fotografia
do brasileiro Alberto Goldman, embora não esteja à altura dos melhores
resultados de sua bem-sucedida trajetória hollywoodiana.
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