quarta-feira, 29 de maio de 2013

Cara de paisagem














Difícil garantir que houve desleixo da Polícia Militar durante a Virada Cultural paulistana. Indícios fortes e testemunhos locais apontam para isso. E podemos imaginar conveniências políticas bastante claras no desgaste da administração petista. Mas os relatos não parecem muito diversos da atitude habitual da PM, especialmente se consideramos o tamanho do evento. Quer dizer, chegamos a tal estágio que precisamos decidir se a polícia é ruim ou pior ainda.

O debate sobre essas questões costuma ignorar um aspecto primário: a responsabilidade constitucional da PM na prevenção e no combate ao crime. Não importam as circunstâncias, o número de pessoas envolvidas, o clima atmosférico, a gravidade dos delitos. Cada fato negativo isolado nasce da incompetência ou da má-fé de alguém que o erário sustenta para impedi-lo.

Os comandos civis e militares das forças policiais têm um pendor histórico para tratar manifestações populares como se fossem males desnecessários. Seu ideal de ordem são os estádios e as ruas vazias, os bares fechados, a população presa nos shoppings e nos condomínios. Parte desse comportamento nasce de pura e simples preguiça. Mas outra razão, muito perigosa, tem a ver com o afastamento de pessoas e organismos que possam fiscalizar e denunciar a criminalidade fardada.

A ineficácia da PM é um conveniente pretexto para que ela própria reivindique maiores poderes. Por isso não podemos cair na resposta fácil da repressão pura e simples, das leis secas e demais restrições ao uso dos espaços públicos. Não cabe à polícia decidir se, quando ou como serão realizados os eventos. Cabe a ela organizar-se para que transcorram de maneira pacífica, dentro das normas legais, independente dos esforços necessários.

Cada proposta de implantar uma Tolerância Zero genérica é desvio para fugir dos verdadeiros debates políticos que envolvem a administração estadual.

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