sexta-feira, 21 de junho de 2013

Não em meu nome

















Em Campinas, a manifestação tomou o centro da cidade. Mais de trinta mil pessoas. O clima inicial era pacífico, ordeiro, quase festivo. As primeiras bombas caseiras explodiram logo no trajeto à prefeitura. Apesar dos reiterados gritos de “violência não”, os sustos foram se repetindo, provocados por jovens risonhos com ares de traquinagem.

A aglomeração estancou diante do Paço, fragilmente isolado por cavaletes, cordas e fileiras de guardas municipais. Era impossível acompanhar o que acontecia na linha de frente, mas não houve repressão imediata, porque o ato continuou tranqüilo por cerca de uma hora. Então ressurgiram os estampidos inconfundíveis que nos acompanharam até ali. E barulhos de rojões e pedras lançados às vidraças da fachada do prédio.

A guarda reagiu. Veio apoio policial. Nuvens de gás se espalharam pelas ruas adjacentes, envolvendo a correria do povo assustado. O ardor no rosto e nos olhos era insuportável. Os focos de confusão prosseguiram, empurrando os manifestantes. Os coros pedindo calma foram substituídos por um burburinho apreensivo.

A tropa de choque da PM apareceu, com a brutalidade habitual, e o evento se transformou numa batalha. Fogueiras ardiam nos canteiros das avenidas. Lojas e bancas de jornal foram saqueadas, cidadãos agredidos e roubados por gangues de lenços nas caras. Às onze da noite o centro da cidade era uma ruína de escombros e lixo e fumaça.

Quem são os bandidos mascarados que transformam uma passeata reformista em cenário de guerrilha? Por que se dirigiram a um ato pacífico levando bombas e rojões? O que pretendem conseguir incendiando e depredando o espaço público? Quem os financia, os incentiva, os organiza? O que explica o fato de todos os ataques fascistas exibirem certos padrões comuns, desde as vestimentas dos imbecis até os seus métodos de provocação e ataque?

Essa violência não é representativa. Não é popular. Não é libertária. E definitivamente não é democrática. Chegou o momento de refletirmos sobre o que está acontecendo nas ruas do país. E de cobrar responsabilidades.

3 comentários:

marcio ramos disse...

Carissimo,

nao consegui acompanhar as manifestações, estou em Goias fotografando o povo Kalunga depois de passar dois meses em Folias do Divino na regiao e uma coisa posso te garantir: um papo geral aqui é morte assassinatos e mais mortes mas nao de bandidos sem nome mas do genro, do pai, do irmao... ou seja todo mundo tem uma historia pra contar de assassinatos e morte...

Sessões de meios expressivos disse...

Olá! Também me questionei sobre a estética dos "Vandalus". A princípio pensava que os patrimônios (público e privados) representantes de poder e da opressão poderiam não representar os anseios sociais e políticos desses manifestantes não pacíficos. Mas em conversa com um amigo que estava indignado e me relatou que amigos de classe alta A e A+ participavam da depredação aos patrimônios campineiro. Pensava eu que somente aqueles que nada tinha a perde estavam envolvidos nesses atos, mas depois do depoimento desse amigo juntei dois extremos que possuem algo em comum: uns sem acesso e nada a perder, outros com muito acesso e sem nada na cabeça. Ainda não consegui entender a estética desses grupos, quanto a vestimenta tudo corresponde, mais ao que pretende dizer me parece um sentimento de orfandade. Vale lembrar que um desse "vandalus", filho de empresário, entoou um refrão onde dizia, que quem 'é patriota é imbecil".

Anônimo disse...

Patriotismo é burrice mesmo, assim como essa bandeira de progresso...

Aldous Huxley explica muito bem o porque em A Essência e o Macaco. Leia!

Abs!