segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um pouco de emoção


















A pesquisa Datafolha serve apenas para conferir um pouco de sobrevida ao projeto eleitoral oposicionista. A permanência da aprovação a Dilma Rousseff na faixa dos 65% desestimularia as movimentações necessárias para que as candidaturas da direita cheguem a 2014 com mínima aparência de competitividade. A dúvida sobre o favoritismo absoluto da petista ajuda a compor esse quadro supostamente imprevisível.

Repito que o Datafolha não pode ganhar ou perder credibilidade ao sabor dos seus resultados e de nossas convicções. Prefiro a desconfiança permanente, baseada numa leitura de contextos e padrões estatísticos que se reptem nas medições do instituto. Por exemplo: em anos anteriores às últimas disputas presidenciais, no mesmo estágio das articulações partidárias e da consolidação de pleiteantes, surgiu uma pesquisa apontando que algum personagem tucano mantinha chances de vitória. Sempre deixando margens para futuras correções de tendências.

Ainda assim, a nova pesquisa me parece mais vinculada a outra estratégia publicitária. Trata-se de instrumento muito usado pelas grandes agências, para construir a imagem do produto-candidatura testando hipóteses junto a amostragens representativas do público-alvo. Não à toa, cada “escândalo” do governo Dilma (julgamento do “mensalão”, Rosemary Noronha, Enem, etc) foi sucedido por uma enquete do Datafolha sobre a sua aprovação popular. Depois de várias tentativas infrutíferas, agora vem a resposta ao ressurgimento do fantasma da inflação e da inépcia administrativa petista.

Ambos os temas foram devidamente incorporados para uso extensivo nas propagandas partidárias e na mídia corporativa. E assim seguirá o consórcio Datafolha-noticiário, até que a plataforma da oposição esteja delineada.

Um comentário:

André Egg disse...

Para mim o mais sintomático é que incluem o Joaquim Barbosa na pesquisa estimulada de intenção de voto.

Nas minhas análises, sempre considerei as pesquisas (e o formato de sua divulgação) são parte da propaganda política. E o Datafolha obviamente tem lado.

É claro que eles não vão manipular os dados coletados, pois acabaria com sua reputação. Basta apresentá-los embrulhados de forma conveniente.

Por isso, é sempre bom ver os dados da espontânea...