Há uma lacuna curiosa no relatório da Polícia Federal sobre a boataria envolvendo o Bolsa Família: sessenta por cento dos
sacadores entrevistados afirmaram ter reagido a “informações” falsas, mas em
nenhum momento se esclarece de onde teriam partido essas lorotas. A PF apenas
afirma que elas não foram veiculadas pela internet ou por telemarketing.
É pouco. A presunção de que as comunidades carentes
das cidadezinhas nordestinas poderiam ser mobilizadas por redes sociais (e até
por telefone) chega a soar ridícula. Milhares de pessoas, em locais diferentes,
seguiram a mesma intuição, no mesmo dia, e tudo que os policiais conseguiram
averiguar foi que os beneficiários de um programa de combate à miséria não
usaram computadores ou celulares.
Podemos concordar que faltou prudência nas
acusações de personalidades governistas logo após o evento, mas elas foram
motivadas por uma estranheza bastante compreensível. Que a PF e o Ministério da
Justiça não compartilhem o sentimento e fiquem satisfeitas com o placebo
explicativo fornecido apenas suscita uma dúvida ainda maior, sobre temas que
fogem ao episódio original.
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