O inaceitável desaparecimento de Amarildo de Souza
contribui para desmoralizar a chamada “pacificação” das favelas cariocas. O
escândalo em torno do caso precisa ser observado à luz das disputas político-ideológicas
no Rio de Janeiro, portanto, pois há muitos interesses, além dos criminosos, contrários à
presença policial naquelas áreas.
Também por isso, causa certo estranhamento a
migração regional dos protestos e campanhas jornalísticas indagando sobre o
paradeiro de Amarildo. Os paulistas que saem às ruas ou escrevem artigos para
reclamar de Sérgio Cabral “esquecem” os diversos episódios de chacinas e seqüestros
efetuados pelas milícias a serviço do governo Geraldo Alckmin. São dezenas de
Amarildos vitimados pelo banditismo policial, sem qualquer vestígio de
esclarecimento, menos ainda de punição.
O Amarildo carioca tem sido usado para desviar a
atenção pública dos seus congêneres paulistas. E Cabral recebe uma pressão que
Alckmin nunca sofreu, embora este seja responsável por catástrofes
administrativas que ultrapassam o notório colapso da segurança em São Paulo. Se
os solidários locais fossem menos seletivos em suas indignações, pelo menos
saberiam os nomes das vítimas que padeceram bem perto de onde moram.
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