Por que o governo de São Paulo e o Ministério
Público local se esforçam tanto para ter acesso aos documentos da investigação
sobre o propinoduto do metrô? Como poderiam contribuir para a apuração de
falcatruas que eles próprios foram incapazes de conter, durante anos de lucrativa impunidade?
Alguém poderia sugerir que o objetivo é tirar do
governo federal o protagonismo do episódio, criando uma agenda para Geraldo
Alckmin teatralizar sua indignação. Outros, mais conspiratórios, pensariam numa
estratégia para pressionar os delatores, destruir provas e apagar os rastros
não explorados. Há ainda a suspeita de que se trata de uma tentativa de
preparar a defesa dos atingidos.
Todas essas hipóteses passam de alguma forma pela
atuação da imprensa paulista. O segredo judicial atrapalha as manobras
tradicionalmente usadas pelos grandes veículos para favorecer os interesses
tucanos: desqualificação de fontes, evidências, investigadores e denunciantes;propagação de factóides que atinjam os adversários do PSDB; desvios de foco
para minúcias técnicas ou fragilidades irrelevantes do processo; criação de
bodes expiatórios que assumam o desgaste dos caciques políticos.
A única maneira de fornecer às redações o material
necessário é através de vazamentos seletivos dos dados que aquelas autoridades
vêm exigindo. Mas vamos continuar imaginando motivos mais honrosos e
desapegados para o súbito aparecimento do seu interesse, depois de quase uma
década.
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